Se soubessem
as crianças que crescer não é tão fácil assim jamais desatariam o laço que as
une com a infância. Se soubessem que crescer
tantas vezes é angustiante, essa vontade de acertar e acabar errando
sempre melam com tudo, se ao menos pudessem supor o quanto é lindo viver sem
preocupações, o quanto é lindo poder se dar ao direito de confiar cegamente nas
pessoas, o quanto é aconchegante não ter que acordar em um dia e se dar conta
que daqui pra frente depende tudo de você. Essa poderia ser uma crônica que
brindasse a saudades da infância, ou apenas uma tentativa peculiarmente minha
de tentar procurar nas palavras um pedaço nostálgico
desta, de um tempo que não volta mais. Mas acho que por fim, é somente uma
forma de deixar o orgulho de lado e reconhecer que o brilho do amadurecimento
traz consigo uma série de coisas que talvez não brilhem tanto assim... mas tínhamos
pressa de crescer, e hoje temos somente vontade de ser quem éramos. De procurar.
Mas não dá. Já procurei em canções nunca terminadas, em textos mal escritos, em
cartas sem destinatários, em amores que nunca deram certo. Procurei por debaixo
dos cobertores, da minha cama e ansiei que talvez pudesse estar perdido dentro
dos meus cadernos, revirei tudo... e foi nessa tentativa que me dei conta que
procurar sem nem saber o que ao certo é uma forma inútil de deixar tudo um
caos. Revirei meu passado, tão doce... mas o sabor amargo dessa doçura ficou em
minha boca por saber que não se deve olhar tanto para trás, e mesmo assim...
dona de uma teimosia irreverente, olhar. Tive então minha última tentativa, escrevi
em placas bem grandes, e colei em cada esquina. Procura-se. Dá-se Recompensa.
PROCURA-SE O QUE MEU BEM?
- Uma pessoa?
- Um sonho?
- Uma lembrança?
- Um peito para descansar?
- Uma resposta?
Procura-se o
que meu bem... procura-se em vão, é eterna essa procura... não de mais nada
relacionado aos outros, mas relacionado ao meu próprio eu, e foi ai que me dei
conta de quem eu andava procurando. Procurava eu mesma, bobeira! Afinal, é vaga
minha procura, pois sou produto de cada dia vivido e de cada dia que deixo de
viver, sou produtos da doçura e do amargor que a vida traz consigo, produto de
uma briga constante entre razão e emoção. Não há um dia que delimite somente eu ter me
tornado quem sou, portanto não há resposta. Só perguntas. Perguntas que remetem
ao ontem, ou ao amanhã, mas nunca ao hoje, já reparou? Perguntas por ora tão
sem sentidos. Tão tristes. Tão felizes. Compostas de uma dualidade de ideais
fragmentados, que colaboram para a sensação de desamparo.
Procura-se...
Pról - CURA-se. A Cura seja talvez parar de
querer conhecer a verdade do ontem e do amanhã, e buscar a viver a verdade que o
hoje tem me oferecido. Há propostas sem
sentidos que de tanto serem almejadas, encobrem o sútil propósito que a vida
nos oferece todo santo dia... que é o de parar buscar entender quem sou, e
apenas ser. Ser. Com toda a essência que esta palavra carrega consigo.
Ana Laura Menon